Nasci em 1973 numa pequena localidade Algarvia (Alvor), onde TUDO chegava mais tarde, o que para nós era uma novidade, noutros locais de Portugal já estavam fora moda.
Vivi a minha infância/adolescência sem tecnologia, brincava com o que a rua me dava, as pedras para as balizas onde se faziam jogos de futebol de rua e que os campeonatos/competição era entre as Ruas da Aldeia. As mesmas Pedras que poderiam servir para o jogo da macaca.
As notificações eram dadas pelo sino da igreja que nos indicava a hora de ir para casa, mesmo que essa hora fosse esquecida, havia sempre um «Oh Paulo, anda Almoçar!!». Estivesse onde eu estivesse, esse som era audível.
Ser escuteiro foi das melhores formações pessoais que podia ter tido, além da educação familiar e os valores que os meus pais nos passavam, era nos escuteiros que enriquecia a minha Sabedoria, a Responsabilidade, o Respeito, Os valores, A Solidariedade em todos os eventos que estava inserido.
A escola primária era um espaço onde sabíamos que ali estava uma Professora que dedicava o seu tempo e profissionalismo para nos ajudar a sermos melhores Homens/Mulheres no futuro.
A primeira vez que ouvi falar na Internet, já frequentava o Secundário e foi o meu irmão que explicou que «Sabias que vais poder consultar um livro sem saires de casa?» Eu questionava como seria isso possível sem ser fisicamente na Biblioteca.
Hoje temos o mundo na ponta dos dedos, basta um simples clique e estejamos em casa, na rua, nos transportes públicos, etc e estamos sempre on-line com o que isso trás de bom e menos bom. Logicamente que a tecnologia veio ajudar e muito no crescimento das sociedades, mas por outro lado veio criar uma Sociedade despida de afetos, onde cada um está na sua bolha, isolado. Isolado da Familia e dos amigos. Afetos esses que são substituídos por um Like, sim um like. Esse mesmo like que serve muitas das vezes para medir o grau de influência ou interesse que as pessoas possam ou não ter pelo que escrevo ou penso.
Faz-me muita confusão ver em todos os espaços publicos e familiares as pessoas agarradas a um aparelho, fechados no seu mundo, não vendo o Mundo a passar ao lado dele.
Faz-me confusão esta Geração de pais serem negligentes na formação dos filhos e deixando que os mesmos sejam «educados» por aparelhos, simplesmente porque é a forma mais fácil de resolver um problema ou enfrentar uma simples chamada de atenção que as crianças necessitam. necessitam de afectos, carinho, diálogo e chamadas de atenção.
Faz-me confusão entrar num restaurante e as pessoas não estarem presentes para o acto que deve ser de diálogo e confraternização. Se a criança não quer comer, dá-se o telemóvel para a mão da mesma, esperando que o mesmo substitua a paciência de negociação que devemos ter com os nossos filhos.
Faz-me confusão que na altura da marcação de férias em família, uma das primeiras preocupações que temos, é saber se tem rede Wi-fi!! Porque tudo o resto é irrisório.
A taxa de suicídios entre menores tem aumentado e estamos a criar uma "geração suicida". Redes sociais deviam ser obrigadas a controlar melhor os conteúdos que instigam à depressão e ao suicídio.
"Não tenho dúvidas de que o Instagram ajudou a matar a minha filha". A frase é do pai de Molly Russell, uma jovem britânica de 14 anos que em novembro de 2017 se suicidou. Chegou a casa da escola, fez os trabalhos de casa e preparou a mochila para o dia a seguir. Deixou uma carta que dizia: "Desculpem. A culpa é minha". E matou-se. Os pais perceberam no dia a seguir, quando foram acordar a filha.
https://www.sabado.pt/vida/detalhe/sao-as-redes-sociais-um-fator-para-o-aumento-dos-suicidios-adolescentes
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